terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

novela a padroeira

A Padroeira foi uma telenovela brasileira produzida e exibida no horário das 18 horas pela Rede Globo, entre 18 de junho de 2001 e 23 de fevereiro de 2002, e apresentada em 215 capítulos.
Foi escrita por Walcyr Carrasco com colaboração de Duca Rachid e dirigida por Walter Avancini, e teve Deborah Secco, Luigi Baricelli, Elizabeth Savalla e Maurício Mattar nos papeis principais.











Trama/ Personagens: - Fé, amor e aventura formam a base da trama de A Padroeira, novela de Walcyr Carrasco que conta a história do amor impossível de Valentim Coimbra (Luigi Baricelli) e Cecília de Sá (Deborah Secco) na vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, na então capitania de São Paulo e Minas do Ouro, no ano de 1717. A novela tem como pano de fundo a luta dos pescadores da região pelo reconhecimento do culto à Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem foi encontrada por eles no rio Paraíba do Sul.
- Além da tradicional influência de Romeu e Julieta, de Shakespeare, a história também tem inspiração em As Minas de Prata, de José de Alencar (1829-1877). A Padroeira foi baseada em idéia original do diretor Walter Avancini, que se afastou da novela em julho de 2001, por problemas de saúde, e faleceu dois meses depois.
- A história começa com a chegada ao Brasil de Dom Pedro de Almeida Portugal, o Conde de Assumar (Antônio Marques), enviado para assumir a governadoria da capitania. O conde trazia instruções de D. João V, rei de Portugal, para motivar o descobrimento de novas minas de ouro e aumentar os impostos sobre o metal encontrado na colônia. A vila de Guaratinguetá, situada na passagem para Minas Gerais, funcionava como entreposto, o que gerou o estabelecimento de uma elite fidalga na região. Vivia-se no Brasil-Colônia sob a febre do ouro, o poder da Igreja com sua rígida moral cristã, a submissão da mulher – usada muitas vezes como moeda de troca para fortalecer a aliança entre famílias importantes – e a ameaça dos criminosos degredados que usavam a região para se esconder.
- No cortejo do Conde de Assumar viaja a jovem Cecília, filha do fidalgo D. Lourenço de Sá (Paulo Goulart), que retorna de um convento em Portugal para se casar com D. Fernão de Avelar (Maurício Mattar), a quem foi prometida por seu pai. O grupo é atacado por um bando de salteadores liderados pelo degredado Molina (Luís Melo), que se encanta com a beleza de Cecília e a rapta. A moça é salva por Valentim, filho de um suposto traidor da Coroa de Portugal e que, por isso, é rejeitado pela sociedade local. Os dois se apaixonam.
- Valentim foi criado pelo tio, o poeta Manoel de Cintra (Otávio Augusto), após seu pai ser encarcerado em Lisboa, por ter se negado a revelar à metrópole a localização das minas de ouro que encontrara. Para não cair na miséria, o rapaz treinou as artes da guerra e das armas, e sonha encontrar o mapa das minas descobertas pelo pai. Seu único amigo é o fidalgo Diogo Soares Cabral (Murilo Rosa), que também nutre um amor impossível por Izabel de Avelar (Mariana Ximenes).
- No assalto ao cortejo do conde, Molina acaba roubando documentos que podem levar à localização dos mapas das minas deixados pelo pai de Valentim, que estariam escondidos para que, um dia, o próprio Valentim encontrasse as minas. De olho na fortuna, o bandido articula um plano com sua mulher, a espanhola de origem cigana Blanca de Sevilha (Patrícia França), que veio para o Brasil fugida da Inquisição. Ele se infiltra na vila de Guaratinguetá como um padre, e ninguém desconfia de sua verdadeira identidade. Branca, por sua vez, tem como missão conquistar Valentim.
- Apaixonada por seu salvador, Cecília não aceita a imposição do pai, que quer vê-la casada com o rude e prepotente Fernão. O jovem Valentim se sente humilhado pela recusa, e promete que Cecília será sua. Cecília não encontra apoio no irmão, Braz (Fábio Villaverde), pois ele é amigo de Fernão; e sua madrasta, Gertrudes (Bianca Byington), não tem voz ativa na casa. A única que tenta ajudá-la é a irmã Marcelina (Renata Nascimento), menina que, apesar de cega, sabe de tudo o que acontece a sua volta. Após várias armações, porém, Cecília cede à pressão e torna-se esposa de Fernão. Tempos depois, no entanto, o casamento acabaria anulado.
- A história real do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida pelos pescadores Filipe Pedroso (Isaac Bardavid), João Alves (Cláudio Gabriel) e Domingos Martins Corrêa (Carlos Gregório) no rio Paraíba, os primeiros milagres atribuídos à santa e o esforço de Atanásio Pedroso (Jackson Antunes) para a construção de sua primeira capela também são relatados na trama de A Padroeira. Os três pescadores saem para pescar no rio Paraíba sob a ameaça de serem castigados se não voltarem com peixes, já que a iguaria é aguardada para ser servida no banquete em homenagem ao Conde de Assumar. Após várias tentativas infrutíferas, a rede de João Alves traz a imagem de uma santa sem cabeça. Ele atira a rede novamente e vem a cabeça da santa que, para surpresa geral, é negra. Os amigos vêem a descoberta como um sinal de Deus e continuam atirando suas redes ao rio, até que seus barcos ficam abarrotados de peixes. Na volta para casa, Domingos mostra a imagem à mulher, Silvana (Laura Cardoso) – que é irmã de Filipe e mãe de João –, e ela cola a cabeça da santa com cera, colocando a imagem em um oratório. Os pescadores da região e suas famílias passam a se reunir em torno da santa para rezar o terço, cuja primeira capela é fundada por Atanásio, filho do pescador Filipe.
- Na primeira manifestação tida como milagre, as velas do pequeno altar erguido para a santa tremem de forma misteriosa, espantando os habitantes locais. O segundo milagre teria acontecido quando o escravo foragido Zacarias (Norton Nascimento), capturado pelo capitão do mato João Fogaça (Roney Vilella), faz uma oração diante da santa e os grilhões de suas correntes arrebentam.
- A existência de uma santa negra amada pelo povo alarma os preconceituosos fidalgos e divide as opiniões na vila, provocando uma tensão entre os que defendem a santa e os que querem impedir seu culto. É quando se realiza o terceiro milagre, que envolve a família de Cecília. Gertrudes leva a filha Marcelina para rezar junto à santa, e ela recupera a visão, fazendo com que Dom Lourenço permita a construção de uma capela em suas terras, à beira da estrada, que passa a ser o primeiro local de culto oficial à Nossa Senhora Aparecida.
- Segundo o autor Walcyr Carrasco, todos os fatos relacionados à imagem da santa mostrados na novela são verídicos, documentados pela igreja católica, embora tenham ocorrido em datas diversas da apresentada na trama. Nossa Senhora Aparecida foi proclamada padroeira do Brasil em 1929, pelo Papa Pio XI.
- O humor está presente na trama, entre outras histórias, através da dobradinha formada pela beata Imaculada (Elizabeth Savala) e pelo poeta Manoel de Cintra, homem sensível que defende dois moleques escravos, Cosme (Samuel Melo) e Damião (Luís Antônio Nascimento), e gosta de se rebelar contra os fidalgos. Ele se apaixona pela rígida religiosa, mas, no final, fica convencido de que ela é interesseira e se casa com Dorotéia, a Dodô (Suzana Vieira).
- Ao assumir a direção da novela, cuja audiência não apresentava os índices esperados, Roberto Talma fez alterações significativas na trama, que ganhou um tom predominantemente cômico e ficou mais leve. Novos personagens passaram a fazer parte da história, como os artistas Faustino (Rodrigo Faro) e Dorotéia, a jovem Agnes (Ana Paula Tabalipa), Antonieta (Giulia Gam), o juiz Honorato (Taumaturgo Ferreira), o capitão-do-mato Inocêncio (Jandir Ferrari), o padre Gregório (Daniel de Oliveira) e Frei Tomé (Felipe Camargo). Os cenários também ganharam novas cores.
- Cecília e Valentim terminam juntos, em um final que quase repete a tragédia dos clássicos Romeu e Julieta. A heroína da trama chega a ser dada como morta, após beber uma poção para não ter de se casar novamente com Fernão, mas Valentim descobre o ardil a tempo. Após ser ferida para salvar Valentim, Blanca encontra a paz ao dedicar sua vida a Deus, e Molina é morto. Fernão tenta atacar a igreja para onde foi levada a imagem de Nossa Senhora Aparecida, mas as patas de seu cavalo ficam presas nos degraus da escadaria, reproduzindo um dos supostos milagres relatados pelas histórias que envolvem a santa.
 
Curiosidades:
- A novela teve uma campanha de lançamento inovadora: filmes publicitários de 30 segundos mostravam uma animação computadorizada em azulejo, técnica nunca antes vista na televisão brasileira. Para a realização da campanha, que envolveu cerca de 200 profissionais, foram feitas imagens com mais de 25 atores caracterizados, em um fundo branco. Essas imagens foram digitalizadas e impressas em preto-e-branco e, posteriormente, trabalhadas por 15 desenhistas que, usando papel de aquarela sobre as cópias das imagens, pintaram mais de 400 quadros diferentes, realizando a animação manualmente. Depois de pintados, os desenhos foram escaneados e ganharam um inédito acabamento de animação em azulejaria portuguesa do século XVIII.
- Ainda como parte da campanha de divulgação, trovadores, esgrimistas e atores fizeram diferentes performances em shoppings para ilustrar os hábitos do Brasil no século XVIII. E uma exposição mostrou o passo a passo da produção de uma novela de época, com um concurso que dava direito a uma visita às gravações no Projac.
- Suzana Vieira quebrou o braço antes de ser escalada para a novela e teve que gravar suas primeiras cenas com gesso.

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